"Prophet!" said I, "thing of evil--prophet still, if bird or devil!
By that heaven that bends above us--by that God we both adore-
Tell this soul with sorrow laden, if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden, whom the angels name Lenore-
Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels name Lenore?

Quoth the raven, "Nevermore."

The Raven (by Edgar Allan Poe,first published in 1845)


“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demónio, ou ave preta!,
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Diz a esta alma entristecida se no Eden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cuja nome sabem as hostes celestiais!”

Disse o corvo, “Nunca mais”.


Tradução de Fernando Pessoa

domingo, 15 de agosto de 2010

INVICTUS

O capital não tem pátria. Não tem ética, amor, lealdade, ideais, não serve a nenhum amo. Recentemente tivemos a prova, de uma forma clara e inequívoca. Nestes tempos de primado do capital, temos como consequência natural que são tempos sem pátria, ética, lealdade, ideais, amor.


O capital é mal necessário mas como todos os males, deve ser domado, restringido, limitado. Não deve ser adorado e idolatrado. Quando a sociedade na sua ânsia de capital atropela, atalha, trucida na vontade de servir o mesmo, caminha inexoravelmente para o seu fim.

Quando o ser humano perde a sua importância a sociedade perde a sua razão de existir, desagrega-se. O capital deve servir sempre e só o cidadão. Deve ser tolerado na medida em que seja um veículo de bem-estar. Estar ao serviço de um bem maior.

Temos que ter coragem de definir que um país que não respeita o ser humano, os direitos humanos, não pode ter acesso ao mercado. A globalização não pode ser desprovida de ética, não é uma inevitabilidade. Se for necessário criar barreiras, que sejam criadas.

É necessário assumir que o capital não pode tudo.

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

"Invictus"- William Ernest Henley (1849–1903).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

The Road not Taken

No correr dos dias tem sido debatido de lés a lés o papel do estado. Qual o papel do estado?
Complicado dizem....
Bem, devemos voltar ao básico. Quando temos dificuldade em definir ou analisar, temos de voltar ao básico.

O que é o estado? No básico, o Estado é o cidadão. Nós somos o Estado. Não existe estado sem o cidadão. O Estado não é um fim em si, mas um meio. Um meio de quê? Bem, um meio de garantir direitos e deveres ao Cidadão. Deveres? Claro, não há direitos sem deveres. Os deveres são todas as obrigações que nos permitem ter direitos, mas isso fica para depois.

Quais são os direitos do Cidadão que o Estado tem que garantir? Já estão definidos á alguns anos. Desde 1948 que foram definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Art.º 1 -Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Aqui está o primeiro direito, senão o mais importante. O estado tem o dever de garantir que todos os “seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e me direitos.” Será que este Estado garante este direito? Pensem nisso.

Art.º 3 - Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Segundo dever do Estado. Será garantido?

Art.º 7 - Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Art.º 18 – Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Art.º 25 - Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.

Art.º 26 -Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

É minha profunda certeza, que o Estado deve munir-se de todos os meios, leis e organizações necessários á garantia dos direitos descritos. Não são todos, mas são os mais importantes. Só assim teremos um Estado justo e digno. Temos de cortar o supérfluo de forma a garantir o essencial. Parece-me que hoje é mais fácil tirar o essencial, sacrificado no altar da REALPOLITIK.

No entanto, o caminho mais difícil às vezes faz a diferença.

“Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.”
                       The Road not Taken - Robert Frost (1874-1963)

terça-feira, 25 de maio de 2010

"Eppur si muove!"

Esta frase tem em si a certeza da verdade, a imutabilidade da verdade. Quando Galileu proferiu a exclamação, após ter sido obrigado a negar as suas convicções, tinha a certeza que a verdade tem valor em si mesmo.
A verdade impõe-se. “A verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver” era também a convicção de Gandhi.
Neste momento temos falta de verdade, mas ela está lá. A verdade existe individualmente, não necessita de suporte humano.
Observamos todos os dia um desfilar de “inverdades” (nova palavra para mentira) e meias verdades.
Devemos confiar, os partidos devem ter a coragem de contar a verdade. Eu acredito que confrontados com a verdade os Portugueses são capazes de empenho e sacrifício. Só com a verdade é que o nosso país avança.


Veritas Liberate Vos

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Contas

Confesso que não percebo nada de política, macroeconomia, micro economia ou economia em geral.
Gosto no entanto da racionalidade. Do primado da razão. Etimologicamente o termo vem do latim rationem, que significa cálculo, conta, medida, regra, derivado de ratus, particípio passado de reor, ou seja, determino, estabeleço, e portanto julgo, estimo.
Segundo Descartes, em “O Discurso sobre o Método”, o conhecimento significativo, só pode ser atingido pela Razão, abstraindo-se a distracção dos sentidos.
E isto tudo tem a ver com o quê, perguntam?
Bem, isto vem a propósito no “novo” imposto extra sobre os rendimentos. Tenho observado, um alterar constante no cálculo do novo imposto para este ano que me deixa preocupado. Vamos aplicar a Razão:

1º Eu ganho 100,00 €/mês (valor pequeno eu sei, mas de contas simples);

2º Segundo a primeira informação sobre o imposto eu iria pagar 1% sobre o meu rendimento a partir de Junho, logo 9 meses (não esquecer os subsídios, que eles também não) vezes 100,00 € vezes 0,01. O resultado é 9,00 €.

3º Segundo a nova informação do governo a nova taxa será calculada de uma forma proporcional e aplicada aos rendimentos anuais. Assim, temos, 14 meses vezes 100,00 € vezes 0,01 vezes 7 a dividir por doze. O resultado é 8,17 €.

Que conclusão podemos tirar destes resultados. Uma vez mais estamos a navegar à vista. Se as contas iniciais entravam em conta com o primeiro resultado e na realidade temos o segundo, alguém vai ter que pagar. Mas como as tabelas de retenção na fonte vão entrar em conta com o primeiro caso, mais tarde vão devolver a diferença……
Ou não!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Porta do Inferno

“Deixai toda a esperança, vós que entrais”*

Tenho-me lembrado bastante destas palavras ultimamente. Será que estamos destinados a trilhar um caminho vazio.
Verifico neste momento que não temos rumo nem timoneiro. Onde está o povo que queria o mar do Mostrengo. É estranho que o óbvio esteja, abafado, esbatido.
Ouvi no sábado António Barreto dizer que neste país se perde muito tempo a discutir os factos. É verdade e óbvio, no entanto noventa porcento das vezes fazemo-lo. Utilizamos os factos não como base, como partida, mas como fim em si. Enredamo-nos em discussões estéreis sem fim previsível.
Necessitamos como nação de tomarmos o nosso destino. No dia-a-dia, quem decide que carro compramos? A casa onde habitamos? Será que delegamos essas decisões a alguém? Então porque no caso do nosso país? Os carros do governo são os nossos carros! Os seus edifícios são nossos! O dinheiro é nosso! Porque entregarmos os nossos bens assim, sem controlo, a alguém que só se lembra de quatro em quatro anos de nos apaziguar, adormecer com promessas vãs.



Erguei-vos, falta cumprir Portugal!


*"A Divina Comédia" - Dante Alighieri
Porque um blog?


Resolvi escrever um blog sem pretensões, até porque não sei escrever, pois sinto que tenho algo a dizer, sem compromissos, sem obrigações, sem censura. Que sairá, não sei!

Porque um Corvo?

Na mitologia nórdica o corvo era o animal mais íntimo a Odin, voava entre todos os mundos contando à Odin todas as notícias ocorridas no grande universo. Mas também, segundo Earl e Miriam Selby, enfrentar-se com o Corvo, é o mesmo que meditar sobre si mesmo.

BEM-VINDOS